quinta-feira, 29 de novembro de 2012

QUESTÃO RELIGIOSA

Conflito entre o Estado e a Igreja


O Padroado era um sistema que dava ao imperador o poder de escolher os membros do clero no Brasil, que recebiam seus salários do Estado, transformando-se literalmente numa classe de funcionários públicos. Esse sistema seria um exemplo da união entre a Igreja e o Estado.

Um fator para o desgaste do governo imperial foi o conflito com a Igreja Católica. Isso ocorreu pelo fato da ligação de seus membros com a maçonaria.

Desde fins do século XVIII, vários padres que lutavam pela independência do Brasil pertenciam às lojas maçônicas, e esse vínculo continuou mesmo depois da independência. Entre os membros do governo acontecia o mesmo: grande parte dos conselheiros e ministros do Império, e também o Imperador, eram maçons. Isso se dava num país oficialmente católico.

Na Europa, o Vaticano começava a organizar um movimento conservador chamado ultramontanismo cujo objetivo era lutar contra as tendências revolucionárias e contra a maçonaria.

Em 1864 ocorreu um rompimento: o papa Pio IX, através da bula Syllabus proibiu a permanência de membros da maçonaria dentro dos quadros da Igreja. A maior parte do clero permaneceu fiel ao imperador, porém, dois bispos preferiram acatar o papa, de Olinda, D. Vidal de Oliveira, e de Belém, D. Antônio de Macedo, que cassaram o direito dos padres maçons.

D. Pedro II ainda tentou uma solução conciliatória, mandando um representante ao Vaticano, mas foi em vão. A Igreja se mostrou intransigente. O conflito foi, então, submetido ao julgamento do Conselho de Estado, que acabou condenando, em 1873, os dois bispos a quatro anos de trabalhos forçados.

Se analisada isoladamente, a Questão Religiosa não teria maior importância, pois seria um simples incidente entre o Estado e a Igreja. No entanto, por ter ocorrido no mesmo período em que o movimento abolicionista estava em curso e que os conflitos entre o Império e o Exército afloravam, esse conflito adquiriu importância.
Ainda que em escala muito menor do que o abolicionismo e do que a subseqüente Questão Militar, a Questão Religiosa deixou à mostra as fraquezas do Império.



Por Alana Alonso

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