quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O REPUBLICANISMO SE EXPANDE

As influências das ideias republicanas se consolidaram a partir de 1870


Você realmente acha que as ideias republicanas surgiram no Brasil devido a Proclamação da República? Pois está muito enganado. O projeto de instituição de uma república federativa já estava presente no cenário político do Primeiro Reinado, assim como no período das regências, bem antes de 15 de novembro de 1889.

 “O Brasil já nasceu livre da ameaça republicana”. Isso era o que garantia José Bonifácio em 1823. “Este partido é hoje miserável e abandonado por todo homem sensato”, proclamou o Patriarca da Independência. Puro discurso político! Bonifácio não poderia supor que o regime escolhido para nos governar seria acatado pacificamente.

Em 1870, a imprensa do Rio de Janeiro publicou o “Manifesto Republicano”, elaborado por membros de uma dissidência radical do Partido Liberal. Tratava-se, nesse momento, da divulgação de um movimento em formação, ainda que cada vez mais importante dentro de certos círculos intelectuais e jornalísticos do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, fundou-se o Partido Republicano e, em 1873, o Partido Republicano Paulista. No mesmo ano, um grupo contendo alguns dos principais cafeicultores paulistas aderiu ao movimento republicano na Convenção de Itu. Ao contrário do que acreditava José Bonifácio, o Partido Republicano só fez ganhar força, inclusive graças à liberdade de associação e imprensa garantida pelo próprio imperador D. Pedro II.


Convenção de Itu, obra de J. Barros que retrata a fundação do Partido Republicano Paulista, em 1873.


Completando o raciocínio, gente. Não percam o foco! :D

Assim, em alguns poucos anos, o movimento republicano nasceu, cresceu e, o que é mais importante, teve o seu centro de atividades deslocado do Rio de Janeiro para São Paulo, mais especificamente para o interior do estado. O posicionamento dos cafeicultores e seu apoio cada vez mais intenso ao projeto republicano fora decisivos para viabilizar a futura proclamação da República.

Os cafeicultores, sabendo que qualquer mudança dentro do quadro institucional do Império fatalmente iria gerar resistência da burocracia estatal, abraçaram o ideal de república, ainda mais que esse ideal envolvia a ideia de federação, isto é, de grande autonomia para os estados membros. Dessa forma, o advento de uma república federativa transformaria a província imperial de São Paulo, fortemente dependente do governo central, no estado de São Paulo, com grande dose de autonomia.

Pode-se perceber o início daquela aliança que, em última análise, tornou possível o advento do regime republicano: de um lado os militares do exército e de outro, os cafeicultores paulistas. Além disso, os setores médios urbanos, sem qualquer participação no jogo político do Império, aderiram ao republicanismo, enquanto a Igreja nada fez para salvar um regime a essa altura moribundo. Finalmente, a abolição da escravidão foi encarada, pela aristocracia agrária tradicional, ainda dependente da exploração do trabalho escravo e única força de sustentação do governo imperial, como uma espécie de traição. Seu distanciamento do governo, a partir de 1888, significou um golpe de morte para o regime. A república passava a ser inevitável.

Se hoje consideramos os “valores republicanos” o que há de mais progressista em termos políticos, no século XIX as cartas estavam embaralhadas. Nem sempre os partidários do republicanismo defendiam o fim da escravidão e a reforma agrária, por exemplo. De nada valem princípios igualitários formais se a cultura da desigualdade impede seu cumprimento. Como diz a voz do povo: “na prática, a teoria é outra coisa”.

(Documento do Manifesto de 1870)

Por Amanda Larissa

Um comentário:

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