Conflito entre o Estado e a Igreja
O Padroado era um sistema que
dava ao imperador o poder de escolher os membros do clero no Brasil, que
recebiam seus salários do Estado, transformando-se literalmente numa classe de
funcionários públicos. Esse sistema seria um exemplo da união entre a Igreja e
o Estado.
Um fator para o desgaste do governo imperial
foi o conflito com a Igreja Católica. Isso ocorreu pelo fato da ligação de seus
membros com a maçonaria.
Desde fins do século XVIII, vários padres que
lutavam pela independência do Brasil pertenciam às lojas maçônicas, e esse
vínculo continuou mesmo depois da independência. Entre os membros do governo
acontecia o mesmo: grande parte dos conselheiros e ministros do Império, e
também o Imperador, eram maçons. Isso se dava num país oficialmente católico.
Na Europa, o Vaticano começava a organizar um
movimento conservador chamado ultramontanismo cujo objetivo era lutar contra as
tendências revolucionárias e contra a maçonaria.
Em 1864 ocorreu um rompimento: o papa Pio IX,
através da bula Syllabus proibiu a permanência de membros da maçonaria dentro
dos quadros da Igreja. A maior parte do clero permaneceu fiel ao imperador,
porém, dois bispos preferiram acatar o papa, de Olinda, D. Vidal de Oliveira, e
de Belém, D. Antônio de Macedo, que cassaram o direito dos padres maçons.
D. Pedro II ainda tentou uma solução
conciliatória, mandando um representante ao Vaticano, mas foi em vão. A Igreja
se mostrou intransigente. O conflito foi, então, submetido ao julgamento do
Conselho de Estado, que acabou condenando, em 1873, os dois bispos a quatro
anos de trabalhos forçados.
Se analisada isoladamente, a Questão Religiosa
não teria maior importância, pois seria um simples incidente entre o Estado e a
Igreja. No entanto, por ter ocorrido no mesmo período em que o movimento
abolicionista estava em curso e que os conflitos entre o Império e o Exército
afloravam, esse conflito adquiriu importância.
Ainda que em escala muito menor do que o
abolicionismo e do que a subseqüente Questão Militar, a Questão Religiosa
deixou à mostra as fraquezas do Império.
Por Alana Alonso